sexta-feira, 20 de julho de 2007

ERA UMA VEZ UMA ILHA


Era uma vez uma ilha, onde moravam todos os Sentimentos: Alegria, Tristeza, Sabedoria e todos os outros Sentimentos. Por fim o Amor.
Um dia, avisaram os moradores que aquela ilha iria afundar-se.
Todos os sentimentos se apressaram para sair da ilha.
Pegaram nos barcos e partiram.
Mas o Amor ficou.
Ele queria ficar mais um pouco na ilha, antes que ela afundasse.
Quando, por fim, estava quase se afogando, o Amor começou a pedir ajuda.
Nesse momento passava a Riqueza, num lindo barco.
O Amor disse:
- "Riqueza, leva-me contigo."
- "Não posso. Há muito ouro e prata no meu barco. Não há lugar para ti.
Ele pediu ajuda à Vaidade, que também passava..
.- "Vaidade, por favor, ajuda-me."
- "Não posso te ajudar, Amor. estás todo molhado; poderias estragar o meu barco novo."
Então, o amor pediu ajuda a Tristeza:
-" Tristeza, leva-me contigo!"
"- Ah! Amor, estou tão triste, que prefiro ir sozinha".
Também passou a Alegria, mas estava tão alegre que nem ouviu o Amor chamá-la.
Desesperado, o Amor começou a chorar... Quando ouviu uma voz chamar:
- "Vem ,Amor, eu levo –te".
Era um Velhinho.
O Amor ficou tão feliz que se esqueceu de perguntar o nome do Velhinho.
Chegando do outro lado da praia, ele perguntou à Sabedoria.:
- "Sabedoria, quem era aquele velhinho que me trouxe aqui?"
A Sabedoria respondeu:
-" Era o TEMPO."
-" O Tempo?
Mas... só o Tempo me trouxe?
Só o Tempo é capaz de entender o AMOR?"
AUTORIA:
RODRIGO VIANA

quinta-feira, 19 de julho de 2007

TUDO É ILUSÃO




Tudo é ilusão,
Tudo é passageiro.
Ganho eu com o Trabalho?.
Gerações vão passando,
Sem que nada se altere.
Nasce o Sol
Põe-se o Sol
Volta sempre
Ao lugar
Onde nasceu.
Sopra o Vento
Sul ou Norte,´
E circula
E nem chega
A sítio algum...
Rios correm
Para o Mar
Este nunca
Fica Cheio
A Água retorna
Ao Rio
Que sempre corre
Para o Mar.....
E a Sorte
Do Ser Humano,
Sorte que Deus destinou
Nem é boa
Nem é má.
Tudo é Loucura,
Andar,
E Correr
Atrás do Vento
Como se fosse
Lamento
É saber
Sabedoria
É esforçar-me
Grandemente
Pela Sede do Saber,
Transformar-me
Em Alegria
Saber que Sabedoria
É bem melhor que Loucura
É dôce ao meu Paladar
É Luz, é Sal e é Côr
É viver pela Palavra
Semeada em Amor.






MANUELA BRAVO




SINTRA, 19 DE JULHO DE 2007

A MINHA DEUSA PARTIU









Foi no dia da maré estranha que a minha Deusa partiu.
Durante toda o dia, debaixo de um céu opaco e turvo, as águas foram aumentando, chegando a alturas jamais vistas.
As ondas rebentavam serpenteando-se pela areia queimada que anos a fio somente pouca chuva humedecera e morriam nas bases das dunas.
O casco amortalhado do "Principe das Marés", jazia encalhado no fundo do mar há já tanto tempo que ninguem se lembrava quando terá pensado que ia ser de novo lançado ao mar.
Após esse dia, não mais voltei a nadar.
As gaivotas e outras aves marinhas grasnavam , subiam e desciam como doidas, como que excitadas pelo espectáculo daquele enorme amontoado de água de uma cor estranha e de brilho funebre...
Nesse dia, as aves pareciam estranhamente brancas como se tivessem barriga de peixe.
As vagas ao rebentarem, deixavam uma fina espuma suja e amaraleda ao longo da linha da costa.
Ninguem via uma vela de barco no distante horizonte.
Não mais, não mais voltei a nadar. O passado pulsa dentro de mim como um segundo coração.
A minha Deusa partira ao amanhecer.
Para dizer a verdade, eu não estava lá quando aconteceu.
Tinha ido ao Mar respirar o ar lustroso da manhã.
Naquele momento tão calmo e melancólico, recordei um outro momento, há já algum tempo atrás, neste Mar.
Tinha ido ao Mar, não me lembro porquê.
O céu estava enovoado e nem uma brisa agitava a sua superficie.
As ondas pequenas desfaziam-se languidamente na orla da água, como uma bainha interminavelmente pespontada por uma costureira ensonada.
Eu estava de pé com a água até à cintura:
A água era perfeitamente transparente :eu podia ver nitidamente a areia ondulada no seu leito, pequeninas conchas e pedacinhos de tenazes partidas de caranguejos e...
Os meus pés lividos e estranhos, quais espécimes exibidos em redomas de vidro.
Enquanto estava ali parado, de repente... Não!
Não foi de repente mas ,numa espécie de encapelamento progressivo, o Mar engrossou.
Não era bem uma vaga, mas um ondular lento e suave que parecia vir das profundezas como se qualquer coisa imensa se tivesse agitado lá no fundo.
Senti-me levantado por breves instantes e arrastado para o areal. Em seguida ,voltei a pousar tal como se nada tivesse acontecido.
De facto, nada tinha acontecido.
Fora uma ninharia sem importância, um simples encolher de ombros indiferente a este vasto mundo.
Depois...
Alguém me chamou!
Virei-me... e...
Segui a minha Deusa como se estivesse a caminhar pelo mar dentro.
(PARA SI QUE, UM DIA, VIU O MAR NOS MEUS OLHOS)


(JORGE)

17 DE JULHO DE 2007

quarta-feira, 18 de julho de 2007

AMO




Amo-te pela Escrita....
Amo aquilo que és em mim:
Em rosas cor de champanhe
Segredas-me ao coração
Que sou teu Jardim Secreto,
Teu Templo de Salomão.
“Não mais te verei”, disseste
Eu não quis acreditar
Eras para mim meu Eleito
Meu perfeito Verbo Amar
E no entanto me disseste
“Sinto não mais te verei”

Nunca mais soube eu de ti,
Amor meu Transcendental
Meu Amado, meu Eleito,
Companheiro Virtual

Contudo te penso e sinto
Saber-te Meu para sempre
Bate no peito a Saudade
Mas sinto saber-te perto
Bem mais perto do que pensas
Em mim já não há Deserto
Não há lugar p`ra Saudade
Eu sei , Amor meu, sou tua
Sê-lo-ei na Eternidade.

Manuela Bravo

Sintra, 17 de Julho de 2007